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Estudante de Teologia da FNB - Faculdade Nazarena do Brasil

quarta-feira, 9 de março de 2011

A VITÓRIA SOBRE A MORTE


A morte tem sido um dos mais intrigantes mistérios que o homem busca desvendar desde o princípio da sua existência. Frente ao enigma da morte, desenvolveram-se crenças que evoluíram progressivamente a sistemas mais complexos, como as religiões que conhecemos hoje, cada uma delas procurando explicar o motivo da nossa existência, trazendo um significado para a vida presente e uma esperança para o futuro após a morte.
Diante da diversidade de religiões que lidam de diferentes formas com esse fenômeno, buscaremos entender sob a perspectiva cristã o mistério que envolve a morte. Conhecendo o contexto histórico-cultural em que ocorrem os relatos do novo testamento, nos é interessante ressaltar o significado[1] etimológico da palavra morte na cultura hebraica, segundo consta:
“No hebraico antigo, a palavra morte aproxima-me bastante do conceito de morte humana na medida em que está atrelada à idéia de separação. A morte é a separação entre o corpo físico e o elemento sutil refraim (sombras) ou espírito, nas versões menos arcaicas. O conceito de separação é sugerido nas palavras decomposição (fim de um ser composto quando ocorre a separação dos elementos que o formavam) e expiração (fim que ocorre pela separação em forma de esvaziamento do corpo com a retirada do sopro vital).
É interessante notar como as palavras morte e pecado também estão unidas no aramaico para representar a separação entre Deus e o homem. Após a morte, o refraim ia para o sheol, uma região subterrânea que significa "ser oco"...”
A idéia de separação entre Deus e o homem representada pela união das palavras morte e pecado, pode ser desenvolvida dividindo a morte (separação) em diferentes categorias:
·       Morte física – a transmitida no trecho transcrito; a separação entre o corpo físico e o espírito; a separação entre os elementos que formavam o corpo; a expiração ou retirada do sopro vital do corpo.                                                               
·       Morte espiritual – a condição do homem após a queda no Jardim do Éden, a separação entre Deus e o homem na vida presente, a perca da comunhão entre o espírito do homem e Deus.

·       Morte eterna – A separação eterna entre o homem e Deus; a condição de todos os homens que morreram sem a salvação que está em Jesus Cristo.
Frente ao temor do homem à horrenda e temível expectativa da morte, é ainda aprofundado seu significado sob esta tripla perspectiva, ou seja, a morte não representa apenas o fim da vida material, mas um porvir que está condicionado a escolhas pessoais no transcurso da vida terrena ou material e ainda seu relacionamento com o Criador. Portanto, é muito mais preocupante do que se estivesse retida apenas em seu primeiro significado, no entanto, ao mesmo tempo muito mais reconfortante, uma vez que existe a possibilidade de vida eterna.
Foi esta possibilidade que a morte e ressurreição de Cristo representaram para todos os homens que não tinham mais esperanças. Foi a vitória sobre o pecado e a morte uma das principais mensagens de Cristo, a restauração da comunhão do homem com Deus e a promessa da vida eterna.
No entanto, sua mensagem de salvação estava condicionada a alguns fatores, observemos suas afirmações:
 Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” Jo 5: 24
O elemento condicional para passar da morte para a vida na passagem acima é ouvir a sua palavra e crer naquele que o enviou, mas é necessário mais do que isso, pois Jesus ainda afirmou:
“Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.” Jo 8: 51
Além de ouvir, é necessário também guardar a Sua palavra, os que a guardam recebem a promessa de nunca verem a morte eterna. Não apenas no evangelho, mas também em sua primeira carta, João mostra que o que leva a pessoa a saber se passou realmente da morte para a vida, é amar os irmãos:
“Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na morte.” 1 Jo 3: 14
A partir da queda do homem, este passou da vida para a morte. Desde então, Deus passou a se revelar de forma progressiva, buscando levar o homem novamente a vida. Estabeleceu uma aliança com Abraão, e prometeu abençoar através da sua descendência todas as nações da Terra. Depois estabeleceu mandamentos por intermédio de Moisés, onde demonstrava ao homem o quanto este era falho e pecador, por isso, o apóstolo Paulo afirmou:
“E o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte.” Rm 7: 10
            Tal fato se explica devido a natureza pecaminosa do homem, herdada de Adão, que através de um ato de desobediência a Deus permitiu que o pecado e a morte entrasse no mundo e dominasse o homem, por isso, era necessário que uma nova aliança fosse estabelecida, onde não mais prevalecesse a vontade da carne (corpo e alma) que levaria a morte, mas a vontade de Deus que levaria a vida, através do Seu Espírito no homem, então Paulo chegou a está conclusão:
“Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.” Rm 8: 6
Foi a inclinação da carne que levou o homem a se rebelar contra Deus, mesmo conhecendo Seus mandamentos e a Sua justiça:
“Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem”. Rm 1:32
            Esta inclinação carnal ao pecado herdada de Adão levava todos os homens a morte, por isso, para que a justiça de Deus fosse feita era necessário restabelecer a capacidade de escolha do homem, dessa forma ele estaria livre para escolher a quem desejaria servir:
“Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?”  Rm 6:16
O livre arbítrio é uma prerrogativa necessária para um justo julgamento. A escolha do homem determinaria o juízo de Deus, se fosse a obediência: a vida; se você o pecado: a morte. A escolha pela vida seria precedida pelo arrependimento, mas a escolha pela morte, permeada pela desconfortante tristeza do mundo, segundo o que está escrito na segunda carta aos coríntios:
“Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.” 2 Co 7:10
Ainda com base na afirmação de Paulo aos coríntios, entendemos porque as pessoas estão mortas se Deus não as chamar para a vida, uma vez que o texto afirma que:  a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a Salvação”. Ou seja, Deus proveu todos os meios, para que o homem fosse indesculpável diante da condenação eterna.
Como foi escrito anteriormente, Deus passou a se revelar de forma progressiva, buscando levar o homem novamente à vida; a revelação do Verbo encarnado foi o ápice desse propósito divino de revelar-se, o que está expresso na segunda carta a Timóteo:
“E que é manifesta agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho;”  2 Tm 1:10
            Além disso, a encarnação do Verbo era necessária para que ele tivesse participação na carne e no sangue e assim pudesse vencer o império da morte, usando como instrumento de aniquilação deste império a própria morte. Esta vitória foi possível não apenas pela morte de Cristo como um sacrifício perfeito, mas sobretudo pela sua ressurreição, a consumação da vitória.
E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo;” Hb 2:14
            Assim como Jesus participou da carne e do sangue, cabe ao homem numa atitude de arrependimento por seus pecados e fé na Sua ressurreição, ter também participação na morte de Cristo, morrendo para o pecado e nascendo para uma nova vida, assim o império da morte não terá mais domínio sobre ele. Está é a certeza que o homem pode ter:
“Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos,” Rm 6:8  


[1] Alexandria, I. d. (s.d.). A Palavra Morte. Acesso em 20 de fevereiro de 2011, disponível em http://ialexandria.sites.uol.com.br/textos/israel_textos/a_palavra_morte.htm

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